sábado, 24 de julho de 2010

2° Semana da Diversidade

2° Semana da Diversidade


Diversidade

Um assunto de FAMÍLIA

2ª Semana da Diversidade traz oito dias de programação sobre os dilemas, e dificuldades que envolvem a população LGBT nas questões de união civil, adoção e convívio familiar. Um assunto de família. Esse será o carro-chefe da 2ª Semana da Diversidade de Joinville, que será realizada entre os dias 1° e oito de agosto de 2010. Sob o tema “Família Somos Todos”, o evento promovido pela Associação Arco-Íris quer debater os dilemas e conflitos pelos quais a população de lésbicas, gays, bissexuais travestis, e transexuais (LGBT) são submetidos quando o assunto é família. O tema se divide em duas abordagens principais. De um lado, a violência doméstica e a não aceitação dos pais e familiares quando a pessoa descobre ter uma orientação diferente da heterossexual. De outro, quando um membro da população LGBT decide formar uma família e se vê privada de direitos como a união civil, a adoção, entre outros. O tema é extremamente atual e presente no Brasil e na sociedade joinvilense. Em novembro de 2009, a Justiça local reconheceu o direito de um casal de mulheres sobre a adoção de uma criança, mesmo que a Constituição Federal ainda se omita sobre o caso. “A família é geralmente o primeiro local onde membros da comunidade LGBT entram em contato com a homofobia. Em vários casos, a pessoa sofre violência física, moral e até mesmo o rompimento dos laços familiares, deixando a casa dos pais no período de adolescência”, explica Josué Júnior, diretor administrativo da Associação Arco-Íris. “A homofobia doméstica infelizmente faz parte da vida da população LGBT e este foi um dos motivos da escolha da temática neste ano”, afirma. Para trabalhar estas questões a Semana da Diversidade contempla uma série de debates: Militância LGBT e Configurações Familiares, no dia 02/08 (segunda-feira), Família e Novas Conjungalidades, no dia 03/08 (terça-feira), e Políticas Públicas e Cidadania LGBT, no dia 04/08 (quarta-feira) e dia 05/08 (quinta-feira) Palestra com Luiz Mott, decano domovimento homossexual brasileiro. Sobre a Semana da Diversidade: Em sua segunda edição, a Semana da Diversidade de Joinville, a exemplo do ano passado, possui características que a diferencia da maioria das “Paradas Gay” Brasil afora. Com foco em atividades educacionais, artísticas e culturais, a Semana da Diversidade oferece ampla programação para que a comunidade possa debater a fundo os problemas da homofobia, da opressão e da discriminação. Segundo os organizadores, o foco em debates e em atividades informativas é mais eficaz para o real combate à discriminação. A Associação Arco-Íris também se referenciou no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH- 3) e o Plano Nacional de Políticas LGBT, que prevê entre suas ações a garantia de direitos a casais homoafetivos. Para a realização da Semana, a Associação Arco-Íris captou recursos junto à iniciativa privada, via mecanismo de mecenato do SIMDEC (Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura), toda a programação da semana é gratuita e voltada ao público em geral. Em 2010, espera-se repetir o sucesso do ano passado, tanto em relação aos debates como no número de participantes. No ano de 2009 cerca de 10 mil pessoas participaram da Semana da Diversidade e conforme pesquisa realizada pelo curso de turismo da Faculdade Cenecista de Joinville, pessoas das cidades de Joinville, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Massaranduba, Balneário Camboriú, Florianópolis, Curitiba, Mafra e Porto União estiveram na cidade especificamente para participar do evento, assim como indicou que 85% dos participantes eram de outras regiões, movimentando em Joinville cerca de R$ 600 mil e levando conhecimento para suas regiões, ampliando a disseminação de informações e diminuindo barreiras causadas pela falta de conhecimento, especialmente o preconceito. Histórias de vida, pesquisas, análises sociológicas e antropológicas, além da discussão de políticas públicas fizeram parte do evento que mobilizou a opinião pública e fez com que Joinville passasse a refletir um pouco mais sobre os direitos da população LGBT e sobre os direitos humanos como um todo. Ações como estas serão repetidas em 2010, fortalecendo ainda mais o desenvolvimento humano, baseado no respeito à diversidade – seja ela cultural, sexual, religiosa ou racial.

Destaques da programação:

Dentre os convidados para a Semana em 2010, está o Juiz Sérgio Junkes, da Vara da Infância e Juventude de Joinville, que deferiu a adoção por um casal de lésbicas em 2009. O Juiz Sérgio Junkes é Doutorando em Direito na UFSC, em Florianópolis, 1º Vice-presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses e Coordenador Regional da Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina. Outro convidado da Semana é Luiz Mott, uma das principais lideranças do movimento LGBT no Brasil. Luiz Mott é licenciado em Ciências Sociais pela USP, Mestre em Etnologia pela Sorbonne, doutor em Antropologia pela Unicamp, professor titular aposentado do Departamento de Antropologia da UFBA. Também é autor de 16 livros e mais de 200 artigos sobre inquisição, escravidão, relações raciais, homossexualidade, direitos humanos, destacando-se “Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil” e “Matei porque odeio gay”. Mott é o fundador do Grupo Gay da Bahia, do Centro Baiano Anti-Aids e decano do Movimento Homossexual Brasileiro, além de Comendador da Ordem do Rio Branco e do Mérito Cultural. Neste ano a Semana da Diversidade alcança abrangência internacional com a presença de Miguel Pinto, membro da diretoria da ILGA - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero de Portugal - país que recentemente aprovou a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Para os debates sobre Família e Novas Conjugalidades, marcado para o dia 3 de agosto, confirmaram presença no evento Berenice Bento - Coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Diversidade Sexual, Gêneros e Direitos Humanos (TIRÉSIAS/UFRN), Luiz Mello - Coordenador do Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, da Universidade Federal de Goiás e pesquisadora vinculada do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades, do Laboratório de Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina, Anelise Fróes da Silva Além disso a programação conta com o Festival Mix Brasil, que reúne filmes filmes nacionais e internacionais com a temática de diversidade sexual e de gênero. Para fechar a semana, a Associação Arco-Íris Joinville promove também a Parada da Diversidade, a partir das 14 horas do dia 8 de agosto.

Serviço:

O quê: 2ª Semana da Diversidade Joinville – Família Somos Todos

Quando: De 1º a 08 de agosto de 2010

Onde: Teatro Juarez Machado, anexo ao Centreventos Cau Hansen, em Joinville (SC)

Mais informações: www.diversidadejoinville.com.br e contato@diversidadejoinville.com.br

Informações adicionais à imprensa pelo: (47) 8462-4636 com Josué Junior, Diretor

Administrativo da Associação Arco-Íris Joinville

REALIZAÇÂO: Associação Arco-Íris Joinville

PATROCÍNIO: Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, Fundação Cultural Joinville e Prefeitura de Joinville.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Informe sobre o protesto unificado MPL Curitiba e Fórum de Luta pela moradia na câmara dos veradores 8.6.10

Hoje estivemos mobilizados na câmara junto ao FLNM para pressionar abancada dos vereadores da situação a votar nossa proposta para investigara licitação do transporte coletivo de Curitiba bem como cobrar da URBS osvalores ainda não divulgado desde 5 de abril.

Com aproximadamente 150 pessoas conseguimos que nossa proposta fossevotada logo no início da sessão. Aprovada, tivemos uma vitória com umasemana de atraso.

Nesse mês de junho somam-se duas vitórias do MPL. Mesmo que vitóriasparciais e pouco expressivas quando comparadas com nossas reivindicações,mas minimamente um avanço em termos da conjuntura atual e da luta pelotransporte em Curitiba. A primeira com a implantação da temporalidade aocartão transporte onde o usuário pode, em até uma hora, se locomover deônibus sem que isso acarrete no pagamento de mais passagens durante esseperíodo; exigência contida na impugnação que assinamos.A segunda então ao pressionarmos os vereadores para, mais uma vez, exigirda URBS divulgação do bilhonário processo licitatório do transportecoletivo de Curitiba.

Agora o MPL deve focar sua luta com vistas à pressionar a URBS paraesclarecimento das perguntas que constam nesse pedido feito via veradoresda bancada da oposição. São questões relativa à falta de clareza sobre oprocesso licitatório, falta de competitividade entre as três empresas querepartiram a cidade em três partes o que descaracteriza a concorrência,entre outras.

MPL Curitiba - http://fureotubo.blogspot.com/

terça-feira, 8 de junho de 2010

1° Seminário sobre: mudar o transporte, fazer a cidade.


A população de Joinville historicamente ficou em segundo plano na formação do transporte coletivo da cidade, durante quatro décadas o mesmo foi construído dentro dos interesses de políticos e empresários.

A Frente de Luta pelo Transporte Público convoca a população para debater junto dos movimentos sociais um novo caráter de transporte público, onde a população realmente poderá participar do debate a partir da visão dos usuários e seus interesses.

Visto que as alternativas propostas até o momento só contemplaram uma única visão de transporte, construída entre empresas e prefeitura, excluindo os movimentos sociais que constroem o debate político a cerca do tema.

sábado, 5 de junho de 2010

UNIVERSIDADES COMUNITÁRIAS OU PÚBLICAS?

ENTENDA O IMPASSE DA ACAFE (UNIVERSIDADES COMUNITÁRIAS) EM SC

A Associação Catarinense de Fundações Educacionais (Acafe), um dos maiores sistemas de ensino do país, encontra-se atualmente em situação precária. Os DCEs acusam a instituição de má gestão, mercantilização do ensino superior e até mesmo de corrupção.

Os dirigentes do sistema Acafe defendem uma proposta de ensino superior de caráter público privado, isso significa que as instituições públicas comunitáriaspassariam a ter direito de cobrar mensalidades abusivas sob o pretexto de se enquadrar no aspecto empresarial exigido atualmente no “mercado educacional”.

COMO SURGIU A ACAFE?

As universidades comunitárias em Santa Catarina são compostas por fundações de ensino superior criadas na década de 1960 por meio das leis dos Poderes Públicos Estadual e Municipais. Essas instituições viriam a formar, em 1974, a Acafe. Dentre suas funções encontram-se: unir as instituições de ensino superior por elas mantidas; representar as entidades filiadas perante órgãos municipais, estaduais e federais; realizar intercâmbios; elaborar programas, projetos e atividades de interesse comum; realizar a avaliação do sistema de ensino superior no Estado de Santa Catarina; avaliar o sistema fundacional; gerenciar a qualidade do ensino no Estado - item esse cuja realização tem deixado a desejar; prestar serviços no campo da educação e elaboração de projetos; entre outros.

Seus fundamentos baseados no comunitarismo têm origem nas instituições religiosas européias. Sua concepção era para oferecer educação superior para leigos, que pagavam pelo ensino. No Brasil esse modelo teve influência no sistema educacional principalmente dos estados do sul, por causa da colonização.

HOJE EM DIA

Hoje, cerca de 70% dos estudantes de ensino superior de Santa Catarina cursam instituições do sistema Acafe. Aparentemente o comunitarismo é a solução para a educação superior no Brasil, mas, longe disso, é somente a solução mais cômoda. Com as instituições comunitárias o Estado alivia as pressões imediatas da falta de ensino superior; diminui os gastos públicosdemandados pela população pobre, que passam a ser assessoradas pelas instituições comunitárias como parte de seu papel; diminui os recursos destinados à educação, já que as comunitárias são sustentadas em quase toda sua plenitude pelas mensalidades cobradas dos acadêmicos, cerca de 80%.

O ensino nas mãos de oligarquias, como as que constituem o sistema Acafe, decorre do sucateamento do ensino, expansão do ensino com condições precárias, inexistência de transparência na prestação de contas das instituições fundacionais à comunidade, mecanismos de escolha de dirigentes e composição de colegiados que distorcem a vontade e a opinião da comunidade acadêmica, além damarginalização dos DCEs e outras entidades de luta dos estudantes.

O QUE DEVE SER FEITO?

Nos últimos tempos, os defensores desse sistema têm levantado bandeiras como: “pública de direito privado”, “pública não estatal” e outras disparidades que servem somente para sugar dinheiro do Estado e alimentar um sistema defasado. O correto é que esses recursos sejam investidos na ampliação de vagas e estrutura das universidades públicas gratuitas.

Sob esses argumentos, e baseados no fato de que o sistema Acafe é constituído por um patrimônio do povo catarinense, construído com dinheiro público, defendemos a FEDERALIZAÇÃO de todas as Instituições de Ensino Superior (IESs) e universidades componentes da Acafe.

Por Zâmbia - militante da Esquerda Marxista em Joinville/SC

Artigo 170 - Sistema ACAFE E AMPESC


O movimento estudantil historicamente coloca-se na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade. No estado de SC há uma desproporcionalidade em relação ao número de vagas nas UNIVERSIDADES federais e estaduais, uma vez que estas, em grande medida concentraram-se na capital do estado. Para suprir esse vazio no acesso à UNIVERSIDADE, criou-se o Sistema ACAFE. Esse sistema se diferencia das demais instituições pagas do País, pois recebe dinheiro federal, estadual e municipal com o comprometimento em reverter em bolsas de estudos e serviços para a comunidade.

Diferente é a situação das IES do Sistema AMPESC que não têm o compromisso com a pesquisa e extensão, que possui um dono, onde o mesmo visa lucro, que contribui com a mercantilização do ensino superior e, portanto com o sucateamento das IES públicas.

O Artigo 170 é uma conquista dos estudantes, onde 90% são destinados ao Sistema ACAFE e 10% ao sistema AMPESC. Os Deputados Estaduais articulados com os donos das IES do Sistema AMPESC, decidiram fazer com que o artigo 170 seja proporcional: 50% para o Sistema ACAFE e 50% para o sistema AMPESC. Desta forma, haverá diminuição as bolsas de estudo e a permanência de estudantes na UNIVERSIDADE.

Formou-se uma Frente de Luta, do DCE da UNIVILLE e dos Centros Acadêmicos, pela NÃO alteração do percentual destinado pelo artigo 170 a bolsas de estudo, pelo REPASSE da dívida da prefeitura para com a universidade, pelo NÃO aumento da mensalidade e na luta pela FEDERALIZAÇÃO do ensino na cidade de Joinville.

As entidades abaixo relacionadas apóiam esta luta e se prontificam a continuar articulando os estudantes na defesa dos seus direitos, para que não sejam lesados por interesses dos donos das instituições pagas e dos deputados Darci de Matos, Nilson Gonçalves, Kennedy Nunes, Amauri Soares, Sérgio Grando, Eliseu Matos e Jean Kuhlmann.

Aumento das Mensalidades / Repasse da PMJ



O Diretório Central dos Estudantes – UNIVILLE, vem fazendo Assembleia Geral na universidade há duas semanas. Hoje, faremos um ato, para que o Reitor da UNIVILLE, chame o prefeito Carlito Merss para um debate. Pois se o mesmo se comprometeu em época de campanha perante os acadêmicos de que iria fazer o repasse para a universidade, é obrigação do mesmo vir aqui e responder perante toda a comunidade acadêmica por que ainda não fez o repasse. As pautas das nossas mobilizações seguem abaixo:

A UNIVILLE é uma instituição fundacional de caráter privado. É fundacional porque recebe verbas do município e mantém seu caráter privado na cobrança de mensalidades e outras taxas. No entanto, o governo municipal há muito tempo está deixando de repassar estas verbas para a universidade, que agora quer usar isso como pretexto para mais um de seus aumentos abusivos de mensalidade. Cabe lembrar que, segundo estudo realizado pelo DIEESE, “entre julho de 1994 e agosto de 2002, a UNIVILLE aumentou em 241,53% os valores das mensalidades.” O salário nem de longe aumenta tanto assim! A dívida da prefeitura com a UNIVILLE já ultrapassa os 20 milhões de reais e neste ano, ao invés de serem repassadas as verbas, como comprometeu-se o atual prefeito em campanha, foi a SOCIESC (entidade puramente privada) quem recebeu um repasse no valor de 400 mil reais. Não tenhamos a ilusão de que o repasse dessa verba será a solução dos nossos problemas. A UNIVILLE não se pronunciou em nenhum momento pelo não-aumento das mensalidades. Não podemos aceitar que a Universidade, com ou sem repasse da verba municipal, aumente mais uma vez as mensalidades. Precisamos nos posicionar e organizar contra qualquer tentativa de aumento! Basta! Devemos retomar o debate pela Federalização da UNIVILLE, e junto com os estudantes pressionar o reitor da universidade para que o aumento de mensalidades não aconteça. O que queremos é o ensino público, gratuito e de qualidade para todos, o que para nós da UNIVILLE significa retomar o debate e a luta pela federalização. Basta de aumentos de mensalidades. Abaixo o aumento!

Aumento das Mensalidades - 2009





A UNIVILLE foi criada pela prefeitura municipal. Assim, tem um artigo da Lei Orgânica do município que determina o repasse de 4% do orçamento destinado a educação. O último pagamento, no valor de R$200 mil, foi feito em 2006. O repasse é destinado a bolsas de estudos e manutenção da estrutura. A dívida com a Univille já se acumula num valor de R$21 milhões. Durante a gestão do Tebaldi, o DCE da Univille se posicionou defendendo o repasse, mas não foi atendido. O prefeito Carlito Merss se elegeu com uma proposta de campanha se comprometendo em efetuar o pagamento, e da dívida que é destinado à universidade. Desde o começo do ano de 2009 tentamos uma negociação com a chefe de gabinete da prefeitura e não fomos atendidos, pois a mesma, nos enviou uma carta/resposta, dizendo que sobre o repasse, a prefeitura só vai discutir com a reitoria, ou seja, os acadêmicos não tem voz e nenhuma importância. Uma das justificativas dadas pelo poder público é a falta de verba e a prioridade de investimento no setor da saúde. No entanto, o município anunciou um repasse para a SOCIESC no valor de R$400 mil reais, no último dia 06/10/09.

Os estudantes exigem o cumprimento da promessa de campanha e a garantia de bolsas de estudos, pois são fundamentais para a permanência destes na universidade, além disso, a universidade tem usado como “desculpa” para não investir na extensão, pesquisa, e em outros.

A Universidade pretende efetuar um reajuste na mensalidade para o ano de 2010, o aumento está justificado na resolução 44 / 06 do Conselho de Administração, que regulamenta suas ações de acordo com as variações do mercado, tentando manter um equilíbrio entre o aumento de gastos da universidade (pessoal e custeio) com o preço da mensalidade. Aqui se encontra uma primeira contradição, pois a UNIVILLE é uma entidade comunitária, sem fins lucrativos e com autonomia administrativa e financeira, então, não deveria ser a primeira a ceder à prepotência dos números. A UNIVILLE é regida na forma da lei e de estatuto, e têm suas deliberações discutidas em conselhos de diferentes áreas, estranhamente, a entidade educacional tem o conselho de Administração como o mais importante, se não o assim se caracteriza, pelo menos é o único que decide sobre o aumento da mensalidade, ou seja, temos políticas educacionais orientadas pelo imperialismo dos números, temos uma universidade que busca “produzir e disseminar o conhecimento científico, tecnológico, artístico e cultural com vista ao bem social” e “inovar, com responsabilidade, para expandir a acessibilidade e a permanência do estudante na instituição”[1], mas que há tempo tem regulamentado suas ações de forma autoritária, basta ver que o nobre conselho que vota o aumento da mensalidade tem apenas um representante dos acadêmicos, que direito temos? Talvez, o de ser voto vencido, justamente os que mais sofrem as conseqüências das políticas institucionais.

“Qualquer dúvida em relação ao aumento da mensalidade vai estar detalhadamente explicada nas resoluções do conselho de administração” - é essa uma forma transparente e democrática de justificar o aumento? Ou uma forma mais eficaz de controle? Para uma instituição financeira, para as empresas capitalistas, números justificam sim suas ações, e isso não é novidade pra ninguém, sabemos que nas práticas de mercado, na busca pelo lucro, toda e qualquer contradição e deficiência do mercado tende a ser superada nas custas do consumidor, que é lesado com o aumento dos preços e de juros, difícil de entender é, como uma entidade educacional, que se diz em “contínua transformação contribuindo para aumentar a capacidade de mudança da sociedade” compartilhe tão bem com as atuais tendências mercadológicas, que por essência atuam para a minoria? Talvez porque aqui ,assim como no mercado, o acadêmico é tratado como consumidor e, infelizmente, a educação como produto, não diferente, nos acostumamos a nos deparar com promoções da UNIVILLE; bolsas de 100 % e a reestruturação dos cursos de licenciaturas, esse tipo de ação justifica o discurso de acesso e permanência a educação? Poderiam mudar o falatório para “fácil de entrar, difícil de sair”, lembrando também que, bolsas e descontos, nada disso é caridade da UNIVILLE, é tudo pago com dinheiro do acadêmico, com mensalidade, com estágio e trabalho, a questão é que, grande parte desse dinheiro público a UNIVILLE destina ao tipo de política educacional que se faz, sem sucesso, no Brasil, onde se prefere investir em tijolos a em pessoas, qualquer um já se deparou com o discurso de que a universidade cresceu, sim, em blocos, salas, pisos, muros, tijolos e tijolos foram sendo levantados ao longo desses anos, mas que, infelizmente, para uma maioria da população, servem apenas pra se olhar na “semana da comunidade”, uma prova disso é a compra do SESI por cerca de 8 milhões de reais, quantas bolsas poderiam ser pagas com esse valor? Quantos reajustes de mensalidade poderiam ser evitados?

A UNIVILLE quer crescer, mas desconta todos os seus empreendimentos no bolso do acadêmico, que graças a uma burocratização de conselhos, tem apenas uma voz, que soa muito fraca no campus, para decidir sobre assuntos de seu interesse, a UNIVILLE é uma entidade educacional, mas se limita a cálculos matemáticos para dirigir suas ações de acesso e permanência a educação, por que a instituição, ou que tipo, de discussão social vêem se perpetuando nos conselhos administrativos? Alguém na UNIVILLE é consultado sobre sua situação financeira – se mudou, ou se melhorou – antes de ser implantado um novo aumento?

Pela falta de comunicação e democracia, pela aparelhização das práticas administrativas da UNIVILLE, pelo jogo a qual somos submetidos ano a ano, é necessário que, os principais interessados, lutem pelo aumento zero da mensalidade, para que o discurso, as resoluções e ações da UNIVILLE se modifiquem, não fiquem atreladas apenas aos números, forma de controle que se demonstra eficaz à administração, mas desigual, simplista e prejudicial ao aluno.

A federalização das instituições vinculadas ao sistema ACAFE para se obter “ensino público, gratuito e de qualidade”.

Lutar pela inclusão da nossa Região no Plano de Expansão do Ensino

Superior Federal, com a instalação de uma Universidade Pública,

Gratuita, de Qualidade, Comprometida com um processo de

desenvolvimento democrático, justo, solidário e sustentável.

Não podemos aceitar que a Universidade, com ou sem repasse da verba municipal, aumente mais uma vez as mensalidades.

Não podemos aceitar que a prefeitura municipal de Joinville deixe de repassar de forma irresponsável a verba que é destinada a UNIVILLE.

Artigo 170

Notícias do Dia/Joinville - 18 - Colunistas - Principal - Paulo Alceu

A construção de uma ideia

por Bruno*

Percebi que a organização do MPL ia além de participar de atos em ocasião de aumento. Que ali, na verdade, estava sendo discutida uma proposta de transporte público para todos

Eram aproximadamente 19h do dia 9 de março de 2010. Joinville completava 159 anos de fundação e, como de costume, acontecia o desfile do aniversário da cidade. Na Avenida José Vieira uma fila enorme com várias entidades que participariam do evento. Entre elas, um grupo de estudantes e trabalhadores com panos tapando a boca e flores que seriam distribuídas ao público. Eles criticavam a postura “não democrática” do atual prefeito, por não terem o direito de se manifestar em frente ao palanque das autoridades. Do momento em que entraram no desfile até o final da avenida, seriam aproximadamente 850 metros de protesto. Enquanto caminhavam pela pista, aplausos ecoavam pelas ruas da região. Pouco se ouviu da leitura da carta que estava sendo declarada por um militante através do megafone e repetida pelos manifestantes. As palmas e gritos de parabenização abafavam a voz do “garoto” e o eco que o seguia. O prefeito, assim como outras autoridades, aplaudia também – ao menos tentava mostrar ao público, apesar das constantes ações de desrespeito, um apoio aos movimentos sociais. Um desses grupos, que há tempo fora vaiado e tratado como organizador de ideias ilegais, estava a poucos dias de completar seu quinto ano de existência em Joinville. Movimento jovem, mas que carregava – e ainda carrega – uma grande carga de lutas e debates, e que saiu do desprezo ao respeito.

O início

Dia 28 de março de 2005. No mesmo dia, uma cantora chamada Stefani Joanne Angelina Germanotta completava seus 19 anos. Meia década depois ela bateria recordes de visualização no site Youtube e seria considerada um ícone da música pop com o nome Lady Gaga. Ainda naquela segunda-feira, possíveis fãs do ator Peter Ustinov choravam o primeiro aniversário de sua morte. Quinhentos e setenta e quatro anos antes, em 1431, Thomas de Courcelles fazia a leitura dos 70 artigos da acusação de Joana d’Arc. Mas, certamente, para quatro jovens de Joinville, aquele final de março de 2005 seria marcado por outro motivo. Eles e mais alguns militantes de um movimento que há pouco fora criado em Florianópolis se reuniram em uma casa no bairro Guanabara. “Pelos meus cálculos, tudo indica que era dia 25 de março”, comenta um dos estudantes. Não importa a data que foi marcada na história, o importante é que naquele dia nascia um movimento que daria força às discussões sobre transporte coletivo na cidade: o Movimento Passe Livre Joinville.

Em 2003, em meio às manifestações contra o aumento da passagem de ônibus, um jovem chamado A., passando a notar com mais interesse os problemas sociais, começou a fazer parte da juventude de um partido político, Juventude Revolução, do PT, que até então era considerado de esquerda. Seu interesse pela mudança continuou e logo em seguida fundou, com outros alunos, um grêmio estudantil no colégio onde estudava. A principal bandeira que carregava era a do “passe livre estudantil”. Em 2004, aproximadamente 400 estudantes foram às ruas, dessa vez pedindo o passe livre. Não muito longe, em Florianópolis, um movimento estudantil e popular conseguiu barrar o aumento do transporte coletivo, num ato conhecido como “Revolta da Catraca”. A principal organização que contribuiu para isso foi a JRI - Juventude Revolução Independente -, uma cisão do movimento do qual A. fazia parte. O estudante começou a se interessar pelo movimento que estava acontecendo em Florianópolis. Entrou em contato com B., um dos principais líderes da JRI. Conversas através da internet trouxeram mais dúvidas ao estudante e o fizeram perceber a falência das organizações em Joinville.

Após o afastamento do PT, o estudante se aproximou mais do movimento de Florianópolis e convidou B. e outros militantes para discutirem o movimento em Joinville. Encontraram-se em frente à Prefeitura e de carro seguiram até a casa onde seria a reunião. Registros dizem que era dia 28 de março de 2005. A. acredita que era dia 25. “Lembro que era sexta-feira santa, pois comemos peixe”, comenta. Depois do almoço, A., dois amigos e seu irmão iniciaram a conversa sobre o movimento. Naquele dia, criou-se um pré-núcleo do Movimento Passe Livre na cidade.

Em suas anotações, A. descreveu o dia:

“…camaradas de Florianópolis B., C. e D. vieram até Joinville por saberem dos andamentos das questões sobre o Passe Livre em minha cidade. Passei um dia agradável numa discussão com os camaradas do MPL, mais o E., o F. e o G. Conversamos sobre a expulsão da JR, tanto minha quanto de B., e dos andamentos da campanha. E. e eu resolvemos prolongar as discussões na JR de Joinville, esclarecendo nossa divergência e depois disso formaríamos o MPL Joinville. Para tanto os camaradas de Florianópolis nos forneceram apoio. Esse dia foi, talvez, o dia do nascimento de um movimento sem precedentes em Joinville.”

Pergunto qual o embasamento teórico que tinham para discutir o transporte. A. responde sem duvidar: “Nosso embasamento era muito precário. Não tínhamos uma visão do conjunto da cidade, a importância mais geral do transporte. O que nos limitava na nossa perspectiva, inclusive. Basicamente, o MPL consistia em lutar pela aplicação da constituição brasileira no que diz respeito à garantia do direito a transporte ao jovem em idade escolar. Ampliávamos o conceito agregando a ideia de cultura e lazer também. Mas basicamente era isso”. Naquela época, o movimento lutava apenas pelo passe livre estudantil. De lá pra cá, o hoje estudante do curso de Filosofia, da UFPR, amadureceu muito, com a ajuda da experiência na militância.

Atualmente, morando em Curitiba, A. não faz mais parte do movimento. Sentiu uma “limitação” do movimento em discutir apenas um assunto. Hoje faz parte de outro partido político, o PSOL, “não como substituto do movimento social, mas como organização específica capaz de encaminhar outras lutas e ter um acúmulo estratégico, do futuro, o qual o movimento social, via de regra, não tem”.

Apesar de não estar ativo no movimento, reconhece seu valor. Percebe também o quanto a população e as autoridades respeitam. A. lembra de um momento, quando o jornal A Notícia publicou uma matéria com o título: “Passe Livre é inconstitucional”. Isso gerou revolta nos estudantes, que foram à Câmara de Vereadores, pois a matéria referia-se ao arquivamento de uma lei do Passe Livre. No entanto, nas eleições municipais de 2008, o Passe Livre passou a ser proposta de campanha de alguns candidatos. De ilegal para proposta de campanha. “É um avanço. Pense-se o que quiser. Mostra que há uma hegemonia da ideia, de um grupo pequeno de pessoas ela passou, através de movimentos contínuos, a convencer outros setores sociais, inclusive setores do establishment político. E não só isso: o ‘pessoal’ do Passe Livre é reconhecido como lutador, o que também traz respeito, como uma juventude não conformada. É uma visão que acredito que muita gente compartilhe, vide o desfile de 9 de março”, completa.

Ameaças e Perseguições

No dia 26 de novembro de 2005 aconteceu o dia nacional de luta pelo passe livre. O MPL de Joinville organizou um ato na Praça da Bandeira. Os estudantes seguiram até à Câmara de Vereadores. Lá, a Polícia Militar tentou evitar a entrada dos manifestantes. Não adiantou. “Entramos na Câmara. Os dias seguintes foram de pavor. Homens à paisana passaram a perseguir militantes do movimento. As ameaças chegavam via telefone, nas casas, e ocorreram perseguições nos caminhos de casa, até à escola ou universidade. Felizmente, nos mostramos fortes e resistimos, inclusive com o apoio da H., advogada do Movimento Nacional de Direitos Humanos”. Relato feito a mim por I., que na época era estudante e hoje é professor de História. O militante chegou a ter que ficar um tempo afastado do movimento. Segundo ele, ficou sabendo, através de um dos seguranças que são contratados pelas empresas de ônibus, que eles haviam sidos contratados para agredi-lo. “Felizmente esse segurança era próximo de um grande amigo, que acabou relatando o caso”. Para I., ameaças e perseguições são ações comuns adotadas por quem “deseja manter a exploração na cidade”. “É a saída do desespero de quem pretende proteger o seu capital, nem que seja proteção do capital feito com a restrição do direito de ir e vir na cidade”, completa. Para ele, as ameaças só acabarão quando o transporte coletivo for realmente público e o controle for feito por quem faz a cidade. “Não faço referências aos empresários e à classe política, falo das pessoas”.

I. entrou no Movimento Passe Livre logo no início, e convidou alguns amigos da Faculdade. Antes, já participava da luta contra os aumentos da passagem de ônibus nos anos anteriores. Isso na época em que fazia parte do Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi, do curso de História da Univille. Mas, segundo ele, sua visão crítica já vinha de antes. No início da adolecência, envolvido com culturas urbanas, uma delas o punk, começou a questionar as contradições políticas, econômicas, culturais e sociais “alimentadas pelo Estado e pelo capitalismo”.

Em dezembro de 2001, já trabalhando na fábrica CIPLA, deixou de receber o décimo terceiro, assim como outros trabalhadores, o que acarretou em uma greve espontânea em janeiro do ano seguinte. Sem o envolvimento do Sindicato dos Plásticos, 79 trabalhadores grevistas foram demitidos. I. foi um deles. Depois disso o sindicato “acordou”, corruptos foram expulsos e, com apoio de setores do PT, iniciou-se uma nova luta no final de 2002. “Mesmo não trabalhando mais na empresa, sem manter qualquer ligação ideológica a corrente interna do PT e não olhar com bons olhos a direção sindical, estive envolvido no processo de construção de uma nova greve e prestando solidariedade aos trabalhadores da CIPLA. Eu lia muita coisa dos sindicalistas revolucionários do IWW [Industrial Workers of the World, uma organização anarco-sindicalista especialmente forte nos Estados Unidos no primeiro quartel do século XX]. Lá se dizia que quando um trabalhador estiver sendo explorado, todos os demais deverão prestar solidariedade”, explica o militante.

O resultado foi a vitória dos trabalhadores, passando o controle da fábrica para os operários. “No transcorrer ocorreram diferentes descaminhos. A ‘direção’ passou a seguir para onde queria. Nisso tudo, a lição foi perceber o poder da classe trabalhadora, servindo como um dos marcos da minha vida, potencializando a importância da dedicação às lutas sociais”.

Hoje, I. não faz mais parte do movimento, mesmo acreditando nos seus ideais. Pergunto sobre seu amadurecimento. O professor responde que quando entrou no MPL, tinha uma visão individual sobre os problemas da cidade. Debatendo com outras pessoas, abriu seu horizonte e conheceu novas realidades. Também aprendeu a “falar em público, discutir sem a grosseria. Não era muito aberto a ouvir ideias diferentes. Ali foi preciso aprender”.

I. sente que nos últimos três anos o movimento começou a ser mais respeitado. “Éramos taxados como jovens estudantes, mimados e bem alimentados. Ao menos é o que lembro nas falas dos famigerados e podres Beto Gebaille, Luis Veríssimo e bobinho Neves”. O historiador ressalta ainda a resistência que existia da população com a ideia de Passe Livre. “Felizmente, essa configuração se alterou”, comemora.

Hoje

O Movimento Passe Livre Joinville, hoje, não luta apenas pela gratuidade aos estudantes, mas para toda população. Segue-se a linha de pensamento do projeto Tarifa Zero, que foi implementado em um bairro de São Paulo pelo então secretário dos Transportes, Lúcio Gregori, na gestão municipal da ex-prefeita Luiza Erundina (1989-1992). O pensamento é utilizar um imposto, onde o mais rico paga mais, o mais pobre paga menos e os que não tiverem condições não pagam. Assim, o transporte não precisaria ser pago apenas pelos usuários, mas por toda sociedade – assim como a saúde e a educação. Mesmo dando certo, o Tarifa Zero caiu. Os governos posteriores acabaram com o projeto.

Nesse sentido, J., conhecido como K., militante do movimento, acredita que houve um grande amadurecimento. “Amadurecemos desde nossa organização interna até nossas táticas de luta nas ruas. Também hoje pensamos uma proposta de transporte para a cidade, bem fundamentada e estruturada”, explica. O MPL também defende a participação dos usuários na administração do transporte coletivo. “Afinal, são essas pessoas que usam o transporte diariamente, nada mais justo que elas opinarem sobre o funcionamento da empresa responsável por isso”.

Hoje, é fundamental em toda discussão sobre transporte público a presença do Movimento Passe Livre. “Eu acho que o MPL tem uma característica muito interessante: a visão de usuários sobre o transporte”, comenta. “No meu ponto de vista isso é o que mais deveria ter peso nessa discussão”. Mas K. entende que tem passageiros que não têm a mesma visão que eles. “Estamos aqui para debater e construir um transporte coletivo melhor. Os apoios que recebemos fazem-nos crer que estamos caminhando para a direção certa”.

Questionado sobre ser um sonhador, o militante foi direto: “Não, não sou. Sou um realista. Temos um problema real no transporte coletivo e estamos lutando e propondo uma solução real para essa dificuldade. Sonhador e idealista, para mim, é quem acredita que o transporte pode continuar como está”.

K. é um dos militantes mais antigos no movimento. Percebeu o amadurecimento de perto. No dia 9 de março deste ano percebeu que as pessoas que aplaudiam o movimento, no momento do desfile, nada mais estavam fazendo que aplaudindo seus próprios ideais. “Isso, no meu ver, é reflexo de que o movimento está realmente do lado da população e ela percebe isso”. O estudante de design sentiu um entusiasmo ao ver o público aplaudindo no momento das falas. “Significa que estamos acertando a mão”. Para ele, esse respeito que “cresce a cada dia” é fruto de um trabalho do ano inteiro. “As palestras, panfletagens, mostras de vídeos. Existe um trabalho de base para que as pessoas entendam o movimento e lutem pelos seus direitos”.

O militante vê dois motivos para esse crescimento: “Primeiro, o fato de ter mostrado que o movimento existe e luta pelos direitos da população, independente do partido que está no governo. O segundo motivo é que o movimento conseguiu ‘abrir’ um diálogo na sociedade, sobre pautas ligadas ao transporte público”. K. lembra de um tempo em que eram tratados como “vândalos” e “baderneiros”. Inclusive, como resposta, criaram o canto: “Não sou baderneiro. Eu só não quero que roubem meu dinheiro”.

Novos Membros

Metade de 2009. A passagem havia subido para R$ 2,30. Manifestantes ocuparam as ruas, como sinal de protesto. Eles reivindicavam que o aumento do passe fosse revogado. Segundo representantes da própria Prefeitura, não existia fiscalização sobre os valores apresentados pela planilha de custos das empresas de ônibus. Duas estudantes secundaristas passavam pelo terminal central e perceberam uma movimentação. Era a Frente de Luta pelo Transporte Público, da qual o Movimento Passe Livre fazia parte. As duas decidiram “ver o que tava rolando”. Percebendo o motivo, entraram junto no protesto. Uma delas era L.

“Senti-me um pouco insegura nos primeiros momentos, porque nunca tinha participado de nada desse tipo, mas sabia que estava fazendo o certo”, fala a estudante. Mas isso só no começo. L. continuou a participar das manifestações e logo se aprofundou nos debates em torno do Passe Livre. Começou a participar das reuniões do MPL e sentiu o que lera dos princípios do movimento e entendeu que a luta era extremamente coerente. “Aí nasceu”, diz ela, “minha vontade de reivindicar por um transporte público, de qualidade, gratuito e inclusivo”.

Logo no início já se envolveu diretamente. Começou a fazer panfletos e cartazes de divulgação dos atos que estavam acontecendo, ajudando assim na organização do movimento. “Isso foi quando passou o alvoroço da ocupação da Câmara de Vereadores. Aí fui perceber que a organização do MPL ia além de participar de atos em ocasião de aumento. Que ali, na verdade, estava sendo discutida uma proposta de transporte público para todos”.

Decidi questioná-la sobre seu “sonho”. Talvez, novata, pudesse contradizer-se na argumentação; mas não, respondeu bonito: “Não me sinto uma sonhadora. Sei que a luta é justa, é coerente e é possível conseguir melhoras fundamentais no transporte coletivo por meio da organização. Se militar e protestar não fizessem diferença, não seria necessário escolta policial, não precisaria de repressão, a Prefeitura não nos chamaria para reunião”.

No dia 9 de março, L. foi, pela primeira vez, desfilar no aniversário da cidade, mas como protesto. No começo, sentiu receio, não sabia como ia se comportar a população. “Fiquei com medo que as milhares de pessoas que estavam vendo o desfile não aprovassem o nosso ato”, confessa. Ela se surpreendeu ao perceber que quanto mais próximo do palanque chegavam, mais fortes eram as palmas. “Arrepiei-me toda. A emoção foi muito grande. Era como se estivessem agradecendo pela militância, e ao mesmo tempo como se a gente estivesse representando todos eles naquele momento”. Nesse momento, a estudante conseguiu uma prova concreta de que estava lutando por um ideal de todos aqueles que “agradeciam” o ato.

Mesmo estando há menos de um ano no movimento, L. tem convicção de que os ideais do Movimento Passe Livre são coerentes e que é possível fazer mudanças no transporte coletivo. “Percebo que a cada dia a discussão evolui e aprendo muito”, fala. Não só no assunto sobre transporte foi o amadurecimento da garota. Depois que começou a militar no MPL, sua visão política se modificou e se ampliou muito. L. diz que várias vezes se pega tentando analisar outras questões da sociedade, como analisa o transporte coletivo através do Movimento Passe Livre. “Passei a me ligar mais em política e prestar atenção em outros movimentos sociais. Senti-me à vontade para participar de outras coisas, até tentei organizar um grêmio na escola em que eu estudava”. Além do mais, segundo ela, aprendeu a ouvir mais o que as pessoas têm a dizer. Começou a pensar em grupo. “Tornei-me menos egoísta”, explica. “Logo depois que passei por tudo isso. Percebi que meus atos e minha consciência são muito importantes e acabei me tornando vegetariana”, conta L., ao ligar o fato do bem estar humano e o bem estar animal.

“Quem estiver interessado em conhecer o movimento, entre em contato no orkut, blog ou twitter”. Todo mês é feita uma reunião para novos membros, onde é apresentado o movimento, suas lutas e seus ideais.

[*] Do Movimento Passe Livre de Joinville.

Retirado de http://passapalavra.info/?p=24351

Nota de Apoio a Luta Contra o Aumento na Passagem em Florianópolis

A luta para barrar o modelo privado de transporte coletivo está em diferentes cidades brasileiras, especificamente pelo entendimento de que não é possível condicionar o direito de ir e vir à lógica de mercado, quando grupos empresariais e familiares determinam o funcionamento da cidade.

Joinville está inserida no contexto apresentado, aproximando a nossa realidade com Florianópolis. Quando nos colocamos nas ruas para lutar pacificamente, a polícia exerce o papel de repressão e criminalização, o que mais uma vez está ocorrendo, mas em contornos gravíssimos e arbitrários.

Chegamos à conclusão quando nas últimas três semanas de luta contra o aumento na tarifa do transporte coletivo da capital catarinense, a polícia executou a prisão de 25 manifestantes, já liberados, quando dois destes tiveram que pagar R$ 800,00 de fiança, e a utilização de cassetetes de maneira violenta e do equipamento de choque identificado por Taser, o que lembra um moderno pau-de-arara portátil.

Levando todo o contexto apresentado, nós, da Frente de Luta pelo Transporte Público de Joinville, solicitamos ao Ministério Público de Santa Catarina, ao Governo do Estado de Santa Catarina, ao comando da Polícia Militar de Santa Catarina, Assembleia Legislativa do Estado e, principalmente, a todas as pessoas do Estado de Santa Catarina, que reproduzem notas de repúdio e debates em todos os espaços possíveis a postura adotada pela Polícia Militar de Santa Catarina.

Toda solidariedade ao povo de Floripa!

Contra a repressão policial e empresarial!

Pelo fim da exploração privada no direito de ir e vir!

FRENTE DE LUTA PELO TRANSPORTE PÚBLICO.
http://barraroaumento.blogspot.com/


Apóiam a carta:

Movimento Passe Livre – Joinville

Comitê de Apoio aos Movimentos Sociais – Joinville

Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi - CALHEV

Centro Acadêmico de Letras Alcides Buss – CALABuss

Centro Acadêmico de Engenharia Química – ENGETEQ

Centro Acadêmico de Biologia – CABIO

Centro Acadêmico de Administração de Empresas – CAAD

Centro Acadêmico de Educação Física – CAEF

Centro Acadêmico de Odontologia – CAO

Centro Acadêmico de Medicina – CAM

Centro Acadêmico de Fármacia –CAF

Centro Acadêmico de Geografia – CAGEO

Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental – CAEA

União da Juventude Socialista de Joinville – UJS

Diretório Central dos Estudantes - DCE - UNIVILLE

Diretório Acadêmico Cruz e Souza - DACS

Pró-Coletivo Anarquista Organizado de Joinville - Pró-CAO

Partido Socialismo e Liberdade de Joinville - PSOL

Joinville, 02 de junho de 2010.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Liberdade de Expressão?

Na noite de ontem (11/05), enquanto alunos passavam nas salas de aula para convidar os acadêmicos para a manifestação de quinta-feira (13/05) e conversar, problematizar o que esta acontecendo dentro da universidade, diversos professores-as passaram a agredir os estudantes dentro das salas de aula utilizando termos como: "terroristas" e afins.
Uma evidente postura de "criminalização" das lutas sociais. A administração da UNIVILLE tem histórico em processar estudantes-militantes. Percebemos a falta de consciência social e do caráter democrático que a Univille diz ter, essa criminalização que estamos sofrendo vai na contra mão de uma relação de respeito entre a Instituição acadêmica e respeito ao diferente, estamos num contexto de dialogo, não de enfrentamento agressivo.

PARTICIPE!!!



Na noite de segunda-feira (10 de maio de 2010) O Diretório Central dos Estudantes, o Centro Acadêmico Livre de História - Eunaldi Verdi, ao lado de outros-as militantes sociais e políticos organizaram um ato em solidariedade as 55 trabalhadores-as demitidas da UNIVILLE.


Solidariedade Estudantil as-os trabalhadores-os da Zeladoria


O que Mafalda diz sobre demissão na UNIVILLE.


Uma breve entrevista para saber como está sendo a luta e a solidariedade com as zeladoras demitidas na UNIVILLE.

1) Na sexta-feira aconteceu um ato em solidariedade as zeladoras. Onde foi o ato? O que acontecia no auditório da UNIVILLE? Quais foram as reações das zeladoras e demais trabalhadoras? Como a instituição reagiu?
Na sexta-feira (7/05), os estudantes prestaram um ato de solidariedade às 55 zeladoras que foram demitidas da UNIVILLE. O ato ocorreu no auditório, onde estava tendo uma homenagem ao dia das mães feita pela reitoria. Nesse ato os estudantes entregaram uma carta à reitoria pedindo explicações sobre as demissões.

2) O DCE está prestando solidariedade as zeladoras demitidas. Como está sendo o diálogo com as zeladoras? Como está o dialogo com o sindicato ? Como está o envolvimento dos outros movimentos sociais, as entidades e organizações políticas?
No primeiro momento o DCE conversou com as zeladoras para saber o que de fato aconteceu, as mesmas relataram o constrangimento que sofreram pela administração da Universidade e os pontos que elas querem que seja revisto pela administração. Procuramos o sindicato, aonde vieram e conversaram com as zeladoras nessa segunda-feira (10/05), se disponibilizaram em ajudá-las com os processos judiciais, mas em momento algum na luta. Os movimentos sociais, e alguns Centros Acadêmicos estão dia-a-dia na luta, estamos fazendo panfletagem todas as noites na universidade, passando em salas de aula e convidando todos os acadêmicos a participarem da assembléia que ocorrera na quinta-feira (13/05), as 20:30 em frente ao banco HSBC na UNIVILLE.

3) Na segunda-feira aconteceu uma panfletagem e recolhimento de assinaturas contra as demissões e pedindo a recontratação. As reivindicações foram construídas pelo DCE ou ocorreu participação das zeladoras ? Como os-as estudantes estão recebendo as atividades do DCE e as demissões ?
As reivindicações que o DCE construiu foi a partir das conversas que tivemos com as zeladoras. Alguns acadêmicos acham que a terceirização do serviço é um processo comum, aonde em muitos lugares isso vem ocorrendo de forma natural e que a UNIVILLE precisa diminuir os gastos. O caráter comunitário que a UNIVILLE diz ter está sendo ?esquecido? vivemos no coletivo, onde o nosso principal dever como cidadão é de prestar solidariedade ao próximo. Essas mulheres, mães de família, donas de casa, não tem o dever de arcar com a falta de infra-estrutura que a UNIVILLE diz estar sofrendo. Em conversa com o professor Raul, o mesmo disse que: ?As demissões das zeladoras não são por causa dos custos, terceirizando ou não o serviço a universidade continua com o mesmo déficit.? Não podemos esquecer todos os serviços que hoje já são terceirizados dentro da UNIVILLE, de que a cada ano a permanência do acadêmico é mais difícil de garantir. Qual é o real serviço comunitário que a universidade faz?

4) No olhando as atividades, como vcs estão as percebendo, saldo positivo, está ocorrendo uma mobilização ? A administração da UNIVILLE já se colocou a disposição de dialogar com DCE ? Durante esses três dias de panfletagem e conversa com os acadêmicos, percebemos que esse assunto esta repercutindo em salas de aula, os acadêmicos estão interessados em saber o que de fato esta acontecendo com a UNIVILLE. Ainda não compreendemos o real motivo das demissões.

Univille, uma Empresa ou Universidade?

Temos visto nos últimos anos uma crescente postura ideológica e política da gestão do Prof. Msc. Paulo Ivo Koehntopp reitor da UNIVILLE, com uma gestão e viés técnico, administrativo e estratégico, nem um pouco diferente de qualquer outra empresa que esteja ao nosso redor do parque fabril norte. Discursos como: metas, visão da universidade, o engodo do terceiro setor e outras ideologias típicas dos chamados neoliberais, são impostos covardemente aos estudantes e trabalhadores da UNIVILLE.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) luta contra este aprofundamento mercadológico de nossa universidade, temos visto com preocupação um acelerado jogo político e mercantil, que é percebido por todos os estudantes e trabalhadores da UNIVILLE, como por exemplo: o corte nos financiamentos das bolsas de estudo, o aumento abusivo das mensalidades, a terceirização dos serviços/trabalhadores da UNIVILLE.
O problema deste último caso grave, traz o número de 51 trabalhadoras e 4 trabalhadores, com caráter de funcionárias(os) públicas(os), que tiveram apenas duas escolhas “impostas” pelo reitor da UNIVILLE: de serem remanejadas para uma empresa terceirizada onde terão seus salários reduzidos ou pedir sua demissão e cair na rua a sua própria sorte.
Podemos lembrar também do absurdo chamado voluntariado da UNIVILLE, onde cobra os “involuntários” a prestarem serviço e ouvirem palestras obrigatórias em troca de bolsas de estudo. A gestão da Universidade está “focada” no Ensino, Pesquisa e Extensão, onde muito desses projetos são realizados para uma população com caráter de grande carência, enquanto vários(as) funcionários(as) vivem esse caráter dentro da própria UNIVERSIDADE.
O DCE defende que a UNIVILLE deve ter caráter social de verdade, mantendo seus próprios estudantes na universidade, oferecendo um serviço público, gratuito e de qualidade, e passe a ter uma postura de universidade e não a de uma empresa, que visa o lucro e transforma a nossa universidade em um negócio qualquer.
A UNIVILLE tem se transformado em um verdadeiro Shopping Center, onde existe uma copiadora terceirizada, um restaurante com preço abusivo, uma empresa que oferece o serviço de segurança, outra que oferece o serviço de estacionamento, outra oferece o serviço de cobranças das mensalidades, cantinas, máquinas de café, e os corredores estão virando prateleiras de negócios, onde são oferecidos: vendas de motos, vendas de cartões da C&A, RENNER, cursos de idiomas e até mídia para o deplorável Big Brother Brasil. É uma realidade triste onde invertemos valores e o real sentido das coisas e de nossas vidas.
A UNIVILLE tem a obrigação de oferecer de forma gratuita aos seus alunos, funcionários e à comunidade em geral, em vista da altíssima mensalidade, os serviços que hoje são todos terceirizados, entendendo que a terceirização dos serviços não resolve o problema que a UNIVILLE está enfrentando (FALINDO), os serviços terceirizados não são de melhor qualidade e nem a “solução” para um melhor funcionamento, pelo contrário, isso apenas onera as mensalidades, visto que terá um intermediário entre os trabalhadores e a UNIVILLE.
Desta forma, o DCE defende as seguintes exigências:
- Recontratação imediata dos(as) 74 funcionários(as) nas mesmas condições anteriores;
- Reestruturação do quadro de funcionários(as) da zeladoria, a partir de novas contratações, pois o mesmo está defasado, sobrecarregando os(as) funcionários(as);
- Projeto educacional que contemple funcionários(as) da Univille, visto que a mesma possui cursos de licenciatura necessários e salas vazias, enquanto seus trabalhadores(as) ficam a margem do sistema de educação.
Conhecimento e educação não são mercadorias e não devem ter o sentido de lucro. Educação é um dever do estado e não dos lucros empresariais; assim convocamos todos os(as) universitários(as) e trabalhadores(as) da UNIVILLE a lutarem contra essa lógica exploratória que cresce a cada ano.